sábado, 13 de agosto de 2011

Bataclan

Li um comentário muito bom sobre Jorge Amado. Ele faz falta não só para o Brasil, mas para o mundo todo. Foi então que me lembrei do romance “Gabriela, Cravo e Canela. A história se passa em Ilhéus. E lá existia o Bataclan.

Não sei se Jorge Amado se inspirou no Bataclan de Paris. Era um café-concerto. No térreo fica um teatro e o café. No andar superior um salão de dança. Do glamour de 1865 até os dias atuais o Bataclan teve altos e baixos. Atualmente não sei se é alto ou baixo. Há eventos dos mais diversos estilos: rock, pop, espetáculos teatrais, etc.

Em Ilhéus o Bataclan era um cabaré. Tanto no romance de Jorge Amado quanto na vida real os coronéis do cacau ali buscavam diversão quando vinham das fazendas para vender o cacau, fazer compras e negócios em geral. O Bataclan de Paris era um café-concerto. O Bataclan de Ilhéus era uma casa de diversão tipicamente para homens. Tinha mulheres, bebidas, música e jogo.

Quem leu o romance ou assistiu à novela não vê o cabaré como um antro de prostitutas. As mocinhas estavam lá, mas Jorge Amado transformou o bordel em ambiente romântico que nem dava para perceber que as meninas estavam trabalhando. Nem com todo o romance deixavam de se prostituir.

O vocábulo prostituir está mais freqüentemente relacionado com as mulheres que vendem o próprio corpo em troca bens ou dinheiro. Muitas mulheres se prostituem para sustentar seus filhos. Algumas para pagar a faculdade. Outras porque gostam do ofício.

A origem etimológica da palavra nos dá outros significados. Em sentido figurado é trocar elevados princípios éticos e morais por interesses materiais, posição social ou poder. Corromper ou aceitar ser corrompido é um ato definido como prostituição.

No Brasil costuma-se inovar idéias importadas. Algumas vezes para o bem. Outras para o mal.

Não é só na vida pública que as pessoas se conspurcam. Na indústria, os compradores são alvos frágeis para os fornecedores. A fragilidade destes funcionários está nos presentes que recebem dos representantes comerciais das empresas que fornecem matéria prima. O presente pode ser um mimo, mas nada impede de ser uma porcentagem do valor da compra. Ilegal talvez não seja, mas o valor da propina está embutido no preço do produto fornecido. Teoricamente houve corrupção e foi o patrão quem pagou. Qualquer semelhança com as administrações públicas é mera coincidência.

Entretanto, é na política que os maiores atos de conspurcação acontecem. A Dona Presidente ficou indignada porque a Polícia Federal prendeu uma série de suspeitos do Ministério do Turismo por desvio de verbas. A Polícia não prende cidadãos honestos. Prende ou detêm bandidos e suspeitos. Ela acredita que a Polícia Federal agiu de forma intencional para prender os suspeitos. A Polícia cumpre sua parte. Só a Justiça que não.

Na indústria compra-se matéria prima. É o ponto frágil para a corrupção. Nos ministérios não há compra de matéria-prima. Vende-se. A matéria-prima são verbas retiradas do erário público.

O melhor mesmo é se ater aos romances de Jorge Amado. Gabriela era linda e desejada por todos em Ilhéus. O Vesúvio não era o vulcão. O Bataclan era e continuará sendo o cabaré dos sonhos. Lindas moças morenas e uma doce loira como mel.