domingo, 22 de maio de 2011

Mercado

Desde a antiguidade mercado de pessoas sempre foi um excelente negócio. Mercadores vendiam pessoas para trabalhar em troca da alimentação, vestimentas e cuidados para com a saúde. Se é que havia este tipo de cuidados.

No Brasil colonial os bandeirantes aprisionavam índios e os vendiam para trabalhar. Não deu certo. Os habitantes natos do Brasil não tinham o hábito de trabalhar. Viviam do que a natureza lhes ofereciam. Há rumores que o Marques de Pombal aboliu a escravidão indígena por não ter bom relacionamento com os Jesuítas. A solução foi buscar pessoas na África.

Cerca de cem anos após, alguém descobriu que pagar salário a um empregado era menos oneroso do que manter uma senzala. Novamente os mercadores entraram em ação. Foram para a Europa buscar pessoas para o trabalho. Inicialmente só para a agricultura. Depois se estabeleceram no comércio e na indústria. Os imigrantes junto com os portugueses coroaram a luta dos rebeldes vicentinos, que fazia da Capitania de São Vicente a diferença na colônia de Portugal, tornando São Paulo o Estado mais desenvolvido do Brasil.

Quando se fala em pão e circo logo nos lembramos dos gladiadores de Roma. Quem mais se lembra das arenas romanas são as pessoas que tiveram o privilégio de assistir as grandes produções do cinema americano da década de sessenta.

Nas atuais arenas de Roma não existem gladiadores se mutilando. Quem faz o povo se regozijar são os jogadores de futebol, pessoas que são vendidas como se vende mercadoria. Leva quem der o melhor preço. Da mesma forma que os fazendeiros compravam os escravos, verificando os dentes e o porte físico. Quando um escravo ou um atleta não dá conta de sua tarefa é descartado. Qualquer semelhança com atletas que voltaram da Europa para jogar em equipe do Brasil é mera coincidência. Voltaram por não ter mais condições físicas ou por mau comportamento.

O mercado de pessoas não acabou com o fim da escravidão. Algumas mulheres continuam escravas de seu próprio corpo. Algumas por necessidade de sobrevivência. Outras para complementar a renda familiar, acumular capital ou enriquecer.

O tráfego se inverteu. Mulheres são levadas para a Europa para trabalhar. Trabalham como camareiras, garçonete ou modelos. Outras se ocupam no mercado do sexo. Por livre vontade ou por escravidão.

Da antiguidade até nossos dias as pessoas são mercadorias que se vende como se vende porco ou raposa. E neste seguimento do mercado surgiu um novo produto: Ex-ministro da República Federativa do Brasil. Este produto vale muito no mercado. Assim disse e talvez seja o que pensa o ministro chefe da Casa Civil tentando justificar o aumento de seu patrimônio. Como é de conhecimento público sua empresa presta assessoria. Alguém sabe que tipo de assessoria? Tudo indica que prestar serviço de assessoria é a melhor opção no mercado. Neste caso transparece que o produto comprado não é a assessoria e sim o assessor.

Não falta ao ministro da Casa Civil acusação de se envolver em corrupção. Por ter se envolvido no mensalão o presidente Luiz Inácio o demitiu do Ministério da Fazenda. Mesmo assim faz parte do governo da presidente Dilma.

O pessoal que cuidou da blindagem do presidente Luiz Inácio está preocupado. Ele faz palestra e cobra. O mais grave: alguém contrata e paga. A preocupação: como justificar o aumento do patrimônio da família Silva?

Não pense que é uma prerrogativa da esquerda burra se envolver em corrupção. Os políticos de esquerda são facilmente surpreendidos com a boca na botija por inexperiência. Os outros estão no mercado há mais tempo.

Você leu o poema de Manuel Bandeira “Pneumotórax”? Não? Então saiba que a única coisa a fazer é tocar um tango argentino.