quinta-feira, 3 de março de 2011

Máscara

Carnaval já está chegando. Sábado passado já teve um grito num bar em Birigui. Neste sábado haverá outro. Carnaval é preciso? Talvez nem tanto como navegar foi. Inegavelmente esta festa ultrapassa fronteiras. Fronteiras do comportamento. Momento de usar máscaras. Momento de máscaras caírem.

Quando foi que o mundo descobriu a máscara? Embora a máscara lembre carnaval, sua origem vem de tempos remotos e tinha sentido religioso. Era um adereço para lembrar ou representar uma divindade. Atualmente poucas seitas continuam usando máscaras em seus rituais. No teatro grego e romano os atores usavam máscaras para compor suas personagens. A máscara vem de longe.

Camuflagem é uma máscara que o soldado usa para enfrentar o inimigo ou dele se esconder. Camuflagem não é uma invenção humana. O camaleão se sai muito bem nesta arte. Muda de cor conforme a necessidade. O polvo expele uma secreção escura para fugir de uma situação de perigo frente a um eventual predador. Embora a lula seja parecida com o polvo, não sei se também sabe se camuflar em situação de perigo. O molusco não, já o político homônimo, além de camuflar, soube se blindar, mas a máscara está por cair.

Máscara no carnaval faz lembrar Veneza. Bem diferente da cidade maravilhosa. Por aqui já não existe mais baile à fantasia. A máscara caiu em desuso no carnaval. Na vida real serve para ocultar a verdadeira face. Para o sargento Garcia o Zorro é um bandido. Do ponto de vista da lógica, o raciocínio é lógico. Penso logo existo. Bandido usa máscara, logo Zorro é bandido.

Usando este raciocínio os bailes à fantasia foram proibidos em muitas cidades. Bandidos se infiltravam facilmente no meio da sociedade. Usando este mesmo raciocínio um juiz do nordeste proibiu os motociclistas usarem capacetes. Bons exemplos devem ser copiados. Dos bailes os foliões sentem saudades, mas do capacete acredito que ninguém sentirá falta.

Como se vê o bem e o mal usa máscaras. Seria só na literatura ou na vida real? Fisicamente ou não a maioria das pessoas usa este artifício para obter vantagens ou ocultar verdades.

A máscara do autoritarismo está caindo em alguns países do mundo árabe. Há poucas semanas sob intenso protesto da população o ditador do Egito renunciou. Hosni Mubarak governou com mãos de ferro impondo uma ditadura que duraram trinta anos.

Muammar Gaddafi se equilibra como pode para se manter no poder da Líbia. Cada soberano tem a sua peculiaridade para se perpetuar no poder. Com receio da máscara da ditadura cair, o Soberano da Líbia anunciou que distribuirá dinheiro, cerca de quatrocentos dólares às famílias e também dará aumento nos salários dos funcionários públicos. A imprensa não divulgou a origem destes recursos. Não foi informado se são oriundo de sua fortuna pessoal ou se é dinheiro público.

Se fosse filme, era reprise ou uma refilmagem. Aqui no Brasil o modo de agir é mais camuflado. Em épocas de eleições os votos são comprados tendo como moeda cesta básica, jogo de camisa de futebol acompanhado de pelo menos duas bolas e promessas.

No Egito Mubarak ficou no poder trinta anos. Gaddafi está a mais de quarenta anos. Atrás de uma máscara democrática há oito anos está sendo implantada uma ditadura. Os deputados e senadores votam conforme a vontade do poder executivo. Esta semana foi proposto que o salário mínimo não será mais discutido e aprovado pelo Congresso Nacional e sim um simples decreto da Soberana Presidente.

A população, que sofre as conseqüências de pequenas ditaduras, sente-se impotente para lutar com os desmando dos pequenos ditadores. Os prefeitos não cuidam de suas cidades como deveriam. Ruas esburacadas, hospitais em condições precárias de atendimento, traficantes vendendo drogas. Os pequenos ditadores continuam no poder.