sábado, 4 de dezembro de 2010

Alienista

Simão Bacamarte é o alienista do conto de Machado de Assis. Para acabar com os loucos da cidade ele foi mandando para o hospício todos que ele julgava ser alienado. Quase toda a cidade foi trancafiada na Casa Verde. Este era o nome do hospício. Ele chegou a conclusão de que o louco era ele e não o povo. Como alienista que era prescreveu sua própria internação.

Alienista sim. Alienado nem pensar. Mais de 43 milhões de pessoas transparece a impressão de que não são alienados. Certeza? Não dá para tê-la. Por definição “alienado é a pessoa que vive sem conhecer ou compreender os fatores sociais, políticos e culturais que a condicionam e os impulsos íntimos que a levam a agir da maneira que age.”

Esta multidão com mais de 43 milhões compõem 43% dos eleitores que votaram contra o terceiro mandato de Luiz Inácio. 43% está muito próximo de 50%, isto significa que quase metade dos eleitores não queria o continuísmo. Embora tenham votado contra, torciam para que seu candidato não obtivesse a vitória, pois teria pagar um preço muito alto. Teria que fazer uma faxina política e sanear as contas.

Economia não é uma ciência exata. Embora seja toda estruturada em números existe o fator humano nas parcelas desta matemática. É possível mascarar as contas ludibriando o povo. Felizmente o Tribunal de Contas tem um pente fino, mas pouco resolve.

Em 2003, quando começou o governo Luiz Inácio, a dívida interna do Brasil era de aproximadamente 892 bilhões de reais. Em 2009 a dívida atingiu o montante de 1,4 trilhões de reais. A estimativa do próprio governo é que dívida pode atingir 1,73 trilhões de reais em 2010. Em oito anos de governo Luiz Inácio o crescimento da dívida foi de 94%.

Como se diz popularmente, o governo está nas mãos dos bancos. Isto porque a Constituição proíbe a emissão de dinheiro para custear despesas. A única alternativa é pegar dinheiro emprestado.

Toda vez que a receita for menor que a despesa gera-se um déficit. Se tiver dinheiro na poupança, deve-se utilizá-lo para não contrair dívida, pois os juros são altos. O Brasil não tem poupança. Não pode emitir moeda. A única alternativa é emprestar dinheiro dos bancos.

Atualmente as despesas típicas de governo, tais como saúde, educação, segurança e investimentos de infraestrutura, são maiores que a arrecadação. Duas outras despesas estimulam o crescimento da dívida. São os juros da dívida e a política monetária e cambial.

Talvez para ganhar as eleições ou para se perpetuar no poder o governo Luiz Inácio parece aquele pai de família que pega dinheiro emprestado para fazer festa. Terminada a festa fica a dívida e sujeira a ser retirada. Empréstimo dever ser feito para investimento. Financiar uma casa, por exemplo. No final do prazo extingui-se a dívida e fica o imóvel.

Existe um fato que maquia as contas do governo. Algumas despesas das empresas estatais não eram contabilizadas, pois o governo entendia que investimento não é despesa. Celso Ming fez um comentário sobre investimento em petróleo. Para ele investimento em petróleo é despesa e citou o caso da Paulipetro. Paulo Maluf dizia que era investimento. Celso Ming termina o argumento se é despesa ou investimento usando da terminologia do metalúrgico presidente: a gente sabe que a Paulipetro foi uma maracutaia. E a Petrobrás não fica muito longe.

A presidente eleita terá que tomar medidas drásticas para conter o aumento das dívidas. Que não é mais só interna. O Brasil voltou a ter dívida externa. Se medidas não forem tomadas a presidente eleita deverá seguir o exemplo de Simão Bacamarte. Internar-se. Ou se interditar.