sábado, 9 de outubro de 2010

Pusilânime

Seria a matéria prima dos poderes constituídos pusilânime? João Ubaldo disse que o povo é a matéria prima do político. É do povo que sai o político. Nesta eleição que passou, foram eleitos pessoas de todos os tipos. Nas outras também. A razão é óbvia. A matéria prima continua a mesma.

O povo não é pusilânime por ter concedido uma avalanche de votos para Francisco Everardo Oliveira Silva, pois este não recebeu nenhum voto, exceto o seu. É pusilânime por ter votado numa personagem. Pusilânime é fraqueza moral, medo de decidir, covardia. Se a personagem pudesse assumir a cadeira na Câmara Federal, possivelmente se sairia muito bem, mas o escolhido foi o Francisco. Pessoa que ninguém conhece.

O expressivo número de votos que o Tiririca recebeu é a somatória das urnas de todas as cidades. Teve voto em minha cidade, na sua e na dos outros também. Será que estes eleitores conheciam as propostas do candidato?

Na verdade não importa se o candidato tinha propostas. É preciso ver esta expressiva votação por outro ângulo. O ângulo da publicidade. A publicidade vende qualquer produto. Sobretudo se o pano de fundo for propaganda. Pouco importa também se o candidato é supostamente analfabeto. Não será o primeiro a ocupar um cargo eletivo. Nem toda pessoa pode aprender a ler e escrever. Por inúmeras razões ou por dislexia.

É preciso ler para aprender. “Há época para todas as coisas e tempo para todo propósito abaixo do céu. Há também tempo para nascer e tempo para morrer. Há tempo para plantar e tempo para colher o que plantou.”. Livro do Eclesiastes.

Analfabeto ou não, o carisma faz o candidato ser eleito. Empossado, ele tem dois caminhos à sua frente. Entretanto, deverá decidir por um deles para prosseguir nesta missão escolhida e vitoriosa nas urnas. Contratar assessores capacitados e competentes para auxiliá-lo nas leituras e redações dos projetos ou formar uma quadrilha.

Como diz o Livro, há tempo para todas as coisas. Domingo passado foi tempo para plantar. Para que a colheita seja boa a semente também tem de ser.

A lei deveria ser a solução para abrandar os conflitos. Nada adiantou a lei que veta a candidatura de pessoas com ficha suja. Como lei é apenas um detalhe no Brasil, candidato indiciados por má conduta na vida pública, poderão ser empossados, porque todos são honestos até que se prove o contrário. Para provar o contrário a Justiça demora o mandato todo do eleito e empossado. O povo não importa com a má fama. Reconduziu à Câmara dos Deputados e às Assembléias políticos corruptos. Corruptos podem. Tiririca não.

A população na sua essência é pura. Pureza que concedeu mais de um milhão de votos a um moço que leva sua arte às camadas sociais que o elegeu. Arte é arte e cada um escolhe a sua. Não é possível comparar as palhaçadas do Tiririca com as palhaçadas do Arrelia ou do Carequinha. Por que os tempos foram outros? Não. O público dos velhos palhaços eram as crianças. O atual são os adultos. Que votam.

Quem vence uma eleição não é o político. É o marqueteiro matreiro. Por conta própria o candidato Francisco nunca teria sido eleito. Campanha custa caro. Ele não é milionário e o carisma é do Tiririca. O marqueteiro usou o dinheiro do partido e o carisma da personagem do Francisco.

Vence quem persiste. Frase que uma amiga me passou de autor desconhecido. Esta frase tem muito valor quando o amor é o amálgama que une as diversidades para o bem de todos. Se não houver amor, quem vence é o mal.

Infelizmente ainda não começou a colheita plantada em 2002.