quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Nulo Pode Valer


 Inversão de valores. Nulo é algo que não vale nada. Nulo pode valer tudo.
Poucos têm coragem de sustentar hipóteses contrárias às teses tidas como verdadeiras. Diante a Inquisição quantos negaram a verdade? A Terra era plana e o Sol girava em torno da Terra.
A ciência diz que a superfície do Sol é muito quente, pelo efeito da queima do gás Hélio. Se o Hélio é igual ao petróleo, vai acabar e o Sol vai apagar. Se o Sol é quente, por questão de lógica, quanto mais perto dele mais quente será a temperatura. E se alguém contestar esta verdade? Pode ser que se queime, mesmo não existindo a Inquisição.
A cada 1000 pés (300 metros) de altura a temperatura cai 2 graus Célsius. Se a temperatura no solo for de 20 graus Célsius, a 10.000 pés (3000 metros) a temperatura será de zero grau Célsius. Quem está nas alturas está mais próximo do Sol. Entretanto, lá em cima é muito frio.
O forno a gás aquece ou assa alimentos pelo calor proveniente da fonte de energia. Calor é radiação. Não é temperatura. Dependendo da fonte de energia do forno a temperatura pode ser muito elevada. O forno de micro-ondas executa o mesmo trabalho sem aumentar a temperatura do forno. Só o corpo exposto às micro ondas se aquece.
A Terra recebe uma série de ondas eletromagnéticas proveniente do Sol. Ultravioleta e infravermelho são as que mais sentimos na pele. Invertendo os valores: o Sol é um maçarico ou um emissor de ondas eletromagnéticas que aquece a Terra como se um forno de micro-ondas fosse?
O que mudou para a sociedade quando a Igreja concordou que a Terra é redonda e tem sua órbita em torno do Sol? Nada. Quem estava sem emprego continuou desempregado. Quem passava fome, continuou passando fome. Nada se alterou com a inversão dos valores anteriormente adotados.
O que vai mudar se os cientistas chegarem à conclusão de que o Sol não tem fábrica do gás Hélio para ser queimado? O que vai mudar se os cientistas afirmarem que o Sol emite radiações eletromagnéticas geradas a partir da rotação da crosta em sentido contrário ao núcleo, causando tempestade na atmosfera solar emanando ventos solares que, ora ajudam ora assolam os planetas do sistema? Não vai mudar nada.
Assim caminha a sociedade. Tanto do ponto de vista científico quanto social. Parece que não aprendemos nada com a Inconfidência Mineira e nem com a Revolução Francesa. Parece que nada adiantou a Independência do Brasil e a Proclamação da República. Parece que todos estes atos foram nulos. O povo parece uma massa de manobra nula.
É possível inverter o conceito “nulo não tem valor” para “nulo tem muito valor”. No jogo de palito apostar no nulo pode valer a vitória. Não aprendemos nada com a Inconfidência Mineira, porque continuamos a pagar impostos altíssimos. Não aprendemos nada com a Revolução Francesa porque não temos Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Pouco adiantou a independência, porque somos súditos do mercado global. Nada adiantou a República, porque não sabemos usar o voto.
Todo candidato promete saúde, segurança, educação e trabalho. O povo acredita e vota. Vota porque é obrigado e também não há alternativa. Depois de eleito o candidato nada cumpre.
O voto nulo não vale nada. E se houver uma inversão de valores. O voto nulo passar a ter valor e poderes para anular uma eleição, se for vontade do povo. Abstenção, voto nulo ou em branco é uma significativa fatia do eleitorado não contente com os candidatos. Fatia que não é ouvida, porque a lei eleitoral a exclui da representatividade que a eleição proporciona.
Estou escrevendo este artigo quinze dias antes das eleições. Abstenção e voto nulo é uma maneira do eleitor dizer: não quero nenhum destes candidatos. Qual seria o resultado destas eleições, se abstenção e voto nulo tivesse valor? Provavelmente muita coisa mudaria.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Água de Superfície


Laboratório de química tem aquele cheiro característico. Se você estiver fazendo uma visita a um laboratório de química e lhe oferecerem um copo de monóxido de di-hidrogênio para beber você aceitaria? Com este nome? Nem pensar. Mas se você estiver com sede, pode beber. É água. Líquido essencial à vida.
Birigui é uma cidade privilegiada. Tem água de superfície em abundância. Mesmo com a falta de cuidados os córregos, desafiando as obras dos homens, continuam correndo, sem que suas águas sejam utilizadas.
O córrego do BTC, e sempre o chamarei assim, aquele que passa dentro do Birigui Tênis Clube, que se chama Córrego da Piscina, continua firme. Não sei como está resistindo. Só pessoas antigas, do tempo que aquela área era rural, poderiam nos dizer onde realmente é sua nascente. Hoje a água aparece sob a calçada em frente ao número 525 da Rua Bandeirantes. Pode ser vista porque há uma grade que funciona como boca de lobo. As condições adequadas para uma nascente já não existe mais. O mesmo ocorre com o Córrego Biriguizinho. Coitado, nasce de um verdadeiro bueiro no cruzamento da Av. João Cernack com a Rua Padre Geraldo Goseling.
No Parque das Paineiras há uma nascente. Esta sim está dentro das normas de proteção de nascentes. Outrora, o Sr Nicolau utilizava esta mina para criar peixes. Até pouco tempo atrás o reservatório estava intacto. Um dirigente público arrombou um dos lados e atualmente suas águas não são utilizadas para nada. Poderiam aumentar este reservatório, urbanizar a praça, pois a nascente fica em uma praça e utilizar a água para lavar as ruas, por exemplo. Mas a água corre para o Córrego Nunes e se perde.
Faz parte da Bacia do Córrego Biriguizinho os seguintes córregos: Parpinelli, Jofer, Vendrame, Nunes e BTC. Suas águas são despejadas no Ribeirão Baixotes sem ser utilizadas. Verdadeiro desperdício.
Inúmeras regiões da Terra sofrem com o flagelo da seca. Falta água de superfície. Nestas regiões a alternativa é perfurar poços. Não é o caso de nossa cidade. Por que buscar água no subsolo, se temos em abundância na superfície? É aceitável a existência de poços para eventual emergência, mas não explorá-la comercialmente, como está sendo feito.
Retirar água do subsolo causa algum problema na superfície? Estudiosos afirmam que o centro da Cidade do México está afundando porque houve abertura de poços de maneira desordenada, causando o rebaixamento do lençol freático. O problema não é do nosso prefeito. É do prefeito mexicano.
A voçoroca não é só um buraco provocado por erosão pluvial. Pode aparece uma cratera de um momento para outro. Sem aviso prévio. A preocupação não é com voçoroca ou rebaixamento do lençol freático e sim utilizar a água de superfície preservando a água do subsolo.
Ibirá é uma cidade de águas medicinais. Algumas de suas fontes não jorram mais água. Dizem que a mina secou porque o lençol freático baixou. Será que a causa são os poços abertos sem a real necessidade? Os problemas dos outros estão ficando perto de nossa cidade.
Analisando a história de Birigui dá para notar que os dirigentes públicos não planejam o futuro da cidade. Um faz outro desfaz. O Lago “A Raquete” foi aterrado. Trocaram água, que é essencial à vida, por grama, que só serve aos animais.
À esquerda da foz do Córrego Biriguizinho há uma área em que a Prefeitura ocupa como depósito de entulho. Por que não utilizar aquela área como reservatório de água para ser usada em nossas torneiras? Sendo uma área grande, pois sua extensão seria da ponte da Rua Egídio Navarro até a ponte da Av. Joaquim Ciciliatti, que cruza o Córrego Baixotes, não serviria somente para captação de água, poderia ser usada para lazer.
Projeto existe e é viável. Só falta boa vontade.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Monarquia Absolutista

Por que ainda existe monarquia? Para sabermos como tudo começou é preciso voltar aos tempos da caverna. Provavelmente os pré-históricos tinham um líder. Talvez o mais forte. A história sempre registrou que os mais fortes prevaleceram no poder. Pelo vigor ou por artimanhas.

Moisés queria ser faraó. Não conseguiu. Pegou seu povo, atravessou o Mar Vermelho e foi para Canaã, porém o Senhor não permitiu a sua entrada na Terra Prometida. Para ser rei em Israel era preciso que Deus se manifestasse e assim foi. Saul foi o primeiro. Os reis de Israel eram protegidos por Deus. No meio deste caminho mataram Jesus e surgiu uma nova religião fundamentada no judaísmo e cerimoniais pagãos.
Israel deixou de ter reis. A concepção, entretanto, de que ser rei era uma vontade divina permaneceu. Os reis eram coroados e sagrados pela Igreja. A grosso modo assim surgiu a monarquia.
Na monarquia o herdeiro do trono é o filho primogênito. Por falta de bom senso a monarquia chegou ao absolutismo. A Inglaterra foi o primeiro reino a limitar os poderes do rei. Criaram a constituição. O povo passou a ter voz e voto. O Império do Brasil foi um império constitucional. “Disse Dom Pedro I em discurso aos deputados que a Constituição deveria impedir eventuais abusos, não somente do monarca, mas também por toda a classe política e da própria população.”.
Ao longo do tempo uma minoria passou a discordar deste processo de sucessão. Surge a república. O povo escolhe seu governante. Em termos práticos parece que não houve mudanças. Não existe mais a figura de um rei. O presidente o substituiu.
A proposta da república era que não houvesse um só mandando. O povo elegeria uma ou várias pessoas para exercer o poder. Cessado o mandato, escolher-se-iam novos titulares para os cargos. Os eleitos, entretanto, encontraram um mecanismo de se perpetuarem no poder. Não com o dom divino da monarquia, mas com a reeleição.
A existência do funcionário no exercício das funções do Estado é fundamental e necessária. Deve receber salário digno para que não se corrompa. Deve ser subordinado ao eleito, mas não submisso e subserviente.
Se no passado a sociedade organizada aboliu a monarquia, por que não abolir a reeleição? A lei dá aos presidentes poderes. Eles nos passam a impressão de que são reis absolutistas. Somos enganados e nada podemos fazer contra este poder absoluto. A monarquia absolutista foi extinta na França com a Revolução Francesa, mas o absolutismo não foi extinto. Sobreviveu e perpetuou em países comunistas como foi o regime implantado na extinta União Soviética e ainda sobrevive em Cuba.

No Brasil o absolutismo se mantém utilizando a prática de compra de votos. Compram-se votos para se elegerem (Bolsa Família) e compram-se votos dos parlamentares para que seus projetos sejam aprovados (Mensalão). Aparelham o Estado e calam a imprensa.
Quantos políticos estão flutuando na crista da onda do poder há décadas? A reeleição garante a perpetuação no poder. É preciso renovar. Renova-se a terra para que a colheita seja melhor.
Se a reeleição fosse extinta, teoricamente não existiriam tais parlamentares que fazem da política uma profissão. Como no Brasil sempre se dá um jeito, certamente os políticos criariam uma organização paralela para dar ordens aos “laranjas” que assumiriam os cargos em seus lugares no poder.
Acabamos com a monarquia, mas não acabamos com o absolutismo. Um cidadão comum raramente consegue se eleger. Monarquia Absolutista e reeleição têm diferença?

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Vereador


Não é raro ouvir pessoas tecerem comentários desabonadores sobre as atitudes de vereadores. Alguns dizer que vereadores não servem para nada. Outros misturam o cidadão com o cargo que ocupa e exageram nos argumentos, dizendo que o determinado cidadão não tem nível para ser representante do povo. Seria bom resgatar as reais funções do vereador. Este resgate deveria partir dos próprios vereadores, para que o povo ignorante e sem cultura fique esclarecido.
A melhor regra para construir o futuro é estudar o passado. A função do vereador começou no Império Romano. Lá o vereador era chamado de edil.
Existe controvérsia sobre a origem da plebe em Roma. Não se sabe exatamente como esta população se estabeleceu em Roma. Plebe em latim significa multidão não organizada. Este povo morava no Império Romano. Eram livres. Podiam possuir bens, terras, comércio, trabalhos artesanais e agrícolas entre outras atividades. Pagavam impostos e prestavam serviço militar. Mas não eram patrícios (cidadãos). Os plebeus não tinham direitos políticos nem civis.
Como os plebeus pagavam suas contas e impostos, mas não tinham direito a nada, nem por isto, fizeram passeata e nem foram para a rua protestar. Simplesmente pegaram seus pertences e foram para o lado de fora das muralhas de Roma. O propósito era fundar uma cidadezinha ali por perto e ter direitos.
Os romanos sempre foram habilidosos em suas conquistas. O caso da condenação de Jesus foi a mais hábil. Pilatos lavou as mãos. Os romanos ficaram de fora do julgamento. Usando a habilidade, os patrícios, que eram os verdadeiros romanos, percebendo que precisavam dos plebeus, propuseram um acordo que seria bom para ambas as partes. A plebe concordou e voltou para dentro das muralhas de Roma. Uma das cláusulas deste acordo era a criação da edilidade da plebe. A plebe elegia dois edis. Depois o número foi aumentando.
A função do vereador daquela época era manter e garantir o bom funcionamento de edifícios, obras, serviços públicos, práticas religiosas e cultos. A criação do cargo de edil deu tão certo, que em cidades longe de Roma os edis eram funcionários do Império.
Começou com dois. Depois o número foi aumentando. Nos tempos atuais, os vereadores têm praticamente as mesmas funções. Numa cidade com pouco mais de cem mil habitantes, dezessete vereadores são suficientes para exercer todas as funções? Em algumas cidades os vereadores só se reúnem três vezes por mês. Não trabalham em julho e dezembro. Será que trinta sessões por ano é suficiente para fiscalizar todas as atividades do Poder Executivo e defender os interesses da plebe. O que se vê são inúmeras propostas e projetos esdrúxulos apresentados pelos vereadores. Por força de Regimento a dinâmica das sessões fica engessada.
Plebe é uma multidão não organizada. Talvez seja o nosso caso. Elegemos vereadores que fazem o jogo do poder e não o jogo que a plebe necessita. Entretanto, alguns vereadores nos faz lembrar os edis do Império Romano. Fiscalizam e denunciam atos ilícitos. Outros esquecem suas obrigações. Acobertam atos ilícitos para permanecer na corte do Poder Executivo.
Que importância tem para uma cidade industrial e pobre criar mais um feriado municipal? Birigui é uma cidade com escassez de recursos para custear as necessidades da plebe e riqueza só vem da produção de bens e serviços. O município perderá um dia de produção.
Dois edis propuseram e foi aprovada uma lei que criou o feriado de carnaval. Será o dia do ócio, porque em Birigui não tem carnaval há muito tempo.
O prefeito não sancionou esta lei que causa prejuízo à indústria e ao erário público. Quem sancionou foi o presidente da Câmara, que pertence a um partido de esquerda, que quer impor o comunismo no Brasil, que ganha votos com o Bolsa Família, que aparelha todos os órgãos públicos. Sancionou sem considerar o prejuízo que esta lei vai causar. Por outro lado um vereador entrou com projeto de lei pedindo a anulação do feriado do ócio. Entretanto, por motivos que não interessa a cidadãos de bem, o projeto foi retirado da pauta. O circo vai continuar, sem pão, sem creche, sem saúde, sem segurança.
Não faz muito tempo. Os vereadores de Birigui não tinham remuneração para ocupar o cargo. Como seria o quadro de vereadores se não houvesse remuneração e nem assessores?
É hora de ir para o lado de fora da muralha. Quem sabe surge um acordo entre o Império e a Plebe.