domingo, 30 de janeiro de 2011

Carapuça

Algumas pessoas vestem a carapuça. Outras não. Algumas vestem gratuitamente. O assunto não era com a pessoa, mas ela se entrega. Nos oito anos de governo o Luiz Inácio não vestiu nenhuma carapuça, mas vestiu um amontoado de camisas. Lamentavelmente vestiu a camisa do Corinthians. Talvez seja a razão pela qual o Corinthians passou o ano do centenário sem ter nada.

Bandido tem que ser tratado como bandido. Isto não significa que bandido deva receber maus tratos. Viver em prisão semelhante a sanitário público e em celas coletivas não é tratamento para humanos. Como também não é humano o que os bandidos fazem com o povo. Normalmente os prisioneiros não são cidadãos honestos que cometeram crime. São bandidos. Nesta condição devem ser tratados.

Nestes oito anos de governo o Luiz Inácio deveria ter construído penitenciárias cinco estrelas. As celas não precisariam ser amplas, mas individuais e com sanitários e chuveiros privados. Sabem por quê? Porque boi preto anda com boi preto, boi branco anda com boi branco. Não faltaram escândalos e crimes no planalto central e nas prefeituras.

Por que será que o ex-presidente Luiz Inácio não extraditou o italiano Battisti? A Folha da Região publicou uma matéria a este respeito. O italiano que era integrante de uma organização chamada Proletários Armados para o Comunismo, foi condenado por quatro homicídios lá na Itália.

Luiz Inácio e Marisa, dupla que faz lembrar os sertanejos Bruno e Marrone. Um deles berra tão alto que o outro nunca é ouvido. Será que alguém já ouviu a voz de Dona Marisa? A voz não, mas ela declarou que estava pleiteando a cidadania italiana aos seus filhos para que eles tivessem um futuro melhor. E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou. Poema de Carlos Drummond de Andrade. O bonde passou e o Luiz Inácio não extraditou o bandido para a terra que seria o futuro melhor para os filhos de Dona Marisa.

Parte dos componentes do governo anterior e do atual fez parte de organizações que utilizaram armas contra o governo constituído. Mataram, roubaram, seqüestraram. Ninguém vestiu a carapuça de estadista e nem de terrorista.

Quando o espetáculo acaba as luzes do palco se apagam. O palhaço tira sua maquiagem, troca a fantasia pelo pijama e sua vida continua no anonimato. Não é mais o centro das atenções do picadeiro. Continua autêntico sem carapuça alguma. Coxia é um local impar em um teatro. Fica entre o palco e as paredes do fundo. O público não vê quem lá está. Luiz Inácio não está no palco das decisões. Estaria na coxia?

A Itália considerou a decisão do marido de Dona Marisa uma ofensa muito grave. Ela que não tem nada a ver com o pedido de extradição ficou numa encruzilhada: os filhos vão para um mundo melhor ou ficarão em terras brasileiras? Para Battisti aqui é a Pasárgada de Manuel Bandeira. Parece que ele é amigo do rei. “Aqui eu tenho a mulher que quero na cama que eu escolher.” Afinal, por que ir embora de Pasárgada?

Provavelmente a cadeia do italiano não deve ter as mesmas instalações físicas das celas vistas em “Carandiru”. Filme de Hector Babenco. Deve ter direito a progressão de regime, visita íntima e cinco refeições.

Com tantos escândalos cometidos por pessoas públicas, poucos foram condenados pelos crimes cometidos. Parece que há um pacto entre eles. Ninguém veste carapuça alguma. Melhor dizendo vestem. Usam a carapuça da honestidade e do dever cumprido.

O povo, por sua vez, também usa. Uma carapuça que impede de ver e ouvir. Fica, então, a consciência coletiva que tudo está bem.