O
Dicionário Houaiss define o vocábulo “palpite” da seguinte forma: dito ou
opinião de intrometido ou ignorante no assunto.
Existe
uma peça teatral chamada “A Prima Dona”. É uma peça que fala do mundo do Teatro
de Revista e a história se passa em torno de uma vedete em decadência, mas se
acha a prima dona do teatro. No meio do texto uma das personagens diz à vedete
que o povo não gostaria de tal cena. A vedete enfurecida responde: Povo essa
massa ignorante e sem cultura? E o texto segue.
O
texto segue, mas o assunto fica. Vale a pena relembrar um frase de Voltaire: Posso
não concordar com uma só palavra sua, mas defenderei até a morte o seu direito
de dizê-la.
Costuma-se
dizer que uma pessoa com modos rude, truculenta, obtusa é uma ignorante. Até dizem
que o povo é ignorante. O que o povo não sabe, o que significa ignorante.
Ignorante é quem ignora, isto é, não sabe, não tem conhecimento. Entretanto,
dão palpite, fazem comentário sem respaldo. Sobretudo nas questões da
administração pública.
Tramita
na Câmara de Vereadores de Birigui um projeto de redução do número de
vereadores. O argumento principal para sustentar este projeto é a crise econômica
e o propósito é diminuir custos. Será que é o número de vereadores que mantém
os custos neste patamar elevado que está? Contabilidade primária e elementar:
para diminuir custos, o primeiro passo é eliminar despesas desnecessárias.
Representatividade de vários segmentos da sociedade não é desnecessário. Menos
vereadores acarreta menos representatividade e facilita as trocas de favores,
fomentando a corrupção, que existe.
A
Câmara tem um quadro de funcionários para atender as necessidades dos
vereadores. Qual a necessidade de assessores para cada vereador? Há necessidade
de transmitir as sessões por rádio e televisão, se a Câmara pode
disponibilizar, em seu site, a transmissão ao vivo pela Internet? Existem
muitas outras despesas desnecessárias.
Um
grupo de pessoas, certamente bem intencionados, promoveram vídeos com o
propósito de convencer as pessoas e os vereadores a reduzir o número de cadeira
para onze. As pessoas, que preferem uma maior representatividade, aceitam a
redução por acreditar que seja um começo nas necessárias reformas. Entretanto,
é um começo equivocado, pois o ideal é iniciar as reformas pelas prioridades.
Pontos
de partida para uma reforma efetiva existem inúmeros. Talvez deva-se começar
com o Regimento Interno. O formato das sessões. O protocolo formal que se dá
para dar nome a uma rua, praça ou avenida é extenso. Frequentemente, não há
conteúdo biográfico dos futuros patronos destes logradouros, para ser exposto
em plenário, dando até a impressão de constrangimento aos familiares. Todas as
pessoas têm os seus valores, os quais são muito mais valorizados pela família.
Em algumas ocasiões estes homenageados não gozam de simpatia da sociedade, mas
o protocolo diz que tem que haver a explanação dos dados biográficos. Resultado
sessão longa e assuntos importantes não são discutidos, porque os segmentos da
sessão tem os minutos cronometrados e limitados. Por que não extinguir este
procedimento?
Por
que não extinguir o cargo de assessores? Reduzir custos é assim. Deixar de
gastar com o que não é necessário. Outro item para ser levado em conta: o valor
da remuneração dos vereadores. Vereador não é profissão. Sou partidário que o
vereador deva receber apenas um salário mínimo a título de ressarcimento, pelo
deslocamento de sua residência à Câmara.
Para
finalizar, o que penso ser o mais importante: Reduzir efetivamente o orçamento
anual da Câmara de Vereadores.