No estado que o Estado
está não deveria continuar. Matar capivara dá cadeia. Matar uma pessoa, nem
sempre vai preso. Há inúmeros recursos para livrar o acusado da prisão. Prisão
para ladrões? Só para os de galinha. No caso dos mensaleiros, alguns roubaram
galinhas outros não.
Machado de Assis tem
uma interpretação diferente do ditado popular “a ocasião faz o ladrão”. Sua
frase é a seguinte: A ocasião não faz o ladrão, faz o furto. O ladrão já nasce
feito. Outra frase dele: A vaidade é um princípio de corrupção.
Para que a vaidade não
tenha influência nas administrações municipais, não seria hora de uma profunda
reforma no conjunto de leis que regulamenta a administração municipal? Melhor seria
para o país todo, mas as esperanças de ver um Brasil administrado por pessoas
justas e honestas em todos os sentidos e a toda hora se foram. O município não
deixa de ser um pequeno Estado. Só não é independente. Fica atrelada à
Constituição Estadual e Federal. Mesmo assim uma reforma poderia ser estudada.
Por mais que o prefeito
não seja vaidoso, um fundo de vaidade fica marcado em seus atos. É um ato
próprio e perfeitamente justificável de pessoas públicas para continuarem sendo
vistas e lembradas nas eleições seguintes. Neste ponto que as reformas deveriam
se iniciar. O prefeito deverá assinar todos os atos da administração, mas os
assuntos destes atos deveriam ser analisados pelos Conselhos. E só viger se
forem aprovados pelos Conselhos em questão.
No estado que a saúde
em Birigui está também não pode ficar. Se o Conselho Municipal de Saúde tomou
alguma providência, o povo não ficou sabendo. O fato é que as reclamações
continuam.
Comparem o descaso com
a saúde em Birigui. Em Promissão existe e funciona o Hospital Geral de Promissão
e o AME – Ambulatório Médico de Especialidades. Além destes dois órgãos
estaduais, a Prefeitura mantém a Casa de Saúde da Mulher.
A mãe de uma amiga
minha precisou realizar uma cirurgia da vesícula. Veja o relato do marido da
paciente. “Fui muito bem atendido em Promissão. Em menos de dezoito horas
somadas consegui a cirurgia da vesícula de minha mulher. Aqui em Birigui, no
pronto-socorro mandaram procurar um postinho. No postinho tem que agendar com o
clínico para ele indicar um cirurgião, cuja fila de espera está em três meses
ou mais. Se não quiser ou não puder esperar é só pagar R$ 3.260,00, fora
raios-X, eletro do coração e exame de sangue. Todo o procedimento ficaria em
torno de R$ 3.800,00”.
A Santa Casa de Birigui
precisa de misericórdia. Não tem pronto-socorro e nem UTI neonatal, mas tem
dívidas. Com relação às dívidas, um fato novo apareceu. O imóvel onde funciona
a Santa Casa de Misericórdia vai a leilão. Se eventualmente o imóvel for
arrematado por um investidor e este pedir a desocupação do prédio, para onde a
Prefeitura vai levar o hospital que a Santa Casa mantém? Ou será uma armação
para terceiros comprarem a Santa Casa a preço de banana? E a Irmandade vai
receber o que investiu? Algumas pessoas desconhecem, mas Santa Casa de
Misericórdia não é apenas um hospital. Pode ser que em Birigui só desenvolva
esta função social.
No estado que a Câmara
de Vereadores está também não pode ficar. Não adianta comprar tilenol para
resolver o problema que a dengue causa. A causa é outra. É desta forma que os
vereadores estão se comportando na Câmara. Diminuir o número de vereadores. É o
mesmo que tomar tilenol para acabar com o Aedes Aegypti. O problema da dengue é
o descuido que a população tem. Não limpa os quintais e nem os jardins,
deixando acumular água facilitando a procriação do mosquito. O problema da
Câmara não é o número de vereadores e sim o custo operacional e as normas que
regulamentam o funcionamento.
Não importa se o número
de vereadores é nove ou dezessete. O orçamento será o mesmo. O que resolve é
diminuir o custo, a começar pela remuneração dos vereadores e comissões dos
cargos, quase sempre ocupados por apadrinhados dos políticos e regimento
interno.
“A ocasião não faz o
ladrão, faz o furto. O ladrão nasce feito”. “A vaidade é um princípio de
corrupção”. Gastar dinheiro público sem a devida necessidade é furto, roubo ou
atos de um administrador ímprobo?