Por definição, modismo
é algo passageiro. Felizmente, porque existe modismo na linguagem falada que
doe quando ouvimos. A esperança que tais modismos passe logo. Um destes e que
está durando até demais é o chamado “politicamente correto”. Raramente alguém
tem coragem de pedir um aparte e dizer ao orador: Vossa Excelência está
mentindo. Usando o “politicamente correto”, quem pediu o aparte dirá: Vossa
Excelência não está dizendo a verdade.
A língua portuguesa tem
uma figura de linguagem para abrandar as expressões. O eufemismo substitui
palavras ou expressões grosseiras ou desagradáveis, por outra de sentido mais
suave ou conveniente. Por que então criar a expressão “politicamente correta”? Quem
mente é mentiroso. Quem está preso é presidiário.
Caminhando ao lado do
modismo, o neologismo está com toda força. Em alguns casos totalmente fora dos
propósitos de linguagem. É o caso da palavra “presidenta”. Neologismo é o uso
de palavras novas criadas dentro das regras da língua portuguesa.
Ninguém vai mais a um
bota-fora. Ficou mais comum ir a uma despedida. Um amigo que vai se mudar. Um
grupo de pessoas que farão uma excursão, que certamente marcará a vida de todos
os participantes, em um luxuoso transatlântico de Santos para algum porto do
Mar Mediterrâneo. Festa de despedida de tais eventos chama-se bota-fora.
Bota-fora não é somente
festa. Bota-fora também é todo material inservível que precisa ser jogado fora.
Seja no aterro sanitário, nos bolsões de material que sobras nas obras de
construção civil ou no esgoto.
Birigui está passando
por um período de bota fora. Bota fora sem hífen. Pôr para fora pessoas que
causam mal à cidade e a população. Não precisa mandá-las para o exílio. Basta
afastá-las dos cargos eletivos e da administração pública.
A população deveria ser
esclarecida pelos meios de comunicação, sobretudo pelas rádios e TV sobre o
parecer do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, referente às contas da
Prefeitura Municipal de Birigui, relativas ao exercício de 2011, as quais foram
rejeitadas. E nestes esclarecimentos não se devem usar palavras politicamente
corretas e nem eufêmicas. É preciso ser ditas com todo rigor de seus
significados, para que o povo fique sabendo quem foram os administradores de
nossa cidade.
Fraudulentamente ou
não, o povo optou, nas últimas eleições, por continuidade de uma administração
que carrega em seu currículo uma série de processos. Esta nova administração,
que supostamente deveria dar continuidade à anterior, não está demonstrando a
que veio. A não ser responder processos também.
Faz um bom tempo,
perguntei a um Promotor de Justiça: por que o Ministério Público não ajuíza
ação contra atos de improbidade administrativa, denunciados pela imprensa,
contra prefeitos e presidentes de Câmara de Vereadores? Ele respondeu: Haveria
uma avalanche de processos. Atemo-nos somente às denúncias formais, que são
muitas.
Não bastasse os
escândalos do Poder Executivo em Birigui, evidenciados na rejeição das contas
do exercício de 2011, vislumbra um novo escândalo. Desta vez no Poder
Legislativo. É novo, porque existe um velho. O motivo é o mesmo: reforma das
instalações físicas da Câmara de Vereadores.
Político não condena
seus pares. Até a presente data nenhuma das pessoas envolvidas nas
irregularidades da reforma da antiga Câmara foram penalizadas. Nem
politicamente nem na Justiça.
Seguindo o raciocínio
de que político não condena político, como será a análise e julgamento das
contas relativas ao exercício de 2011 pelos vereadores? As contas rejeitadas
pelo Tribunal de Contas serão também rejeitadas pela Câmara de Vereadores?
Não é hora de bota-fora
e sim de bota fora.