sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Bota-fora


Por definição, modismo é algo passageiro. Felizmente, porque existe modismo na linguagem falada que doe quando ouvimos. A esperança que tais modismos passe logo. Um destes e que está durando até demais é o chamado “politicamente correto”. Raramente alguém tem coragem de pedir um aparte e dizer ao orador: Vossa Excelência está mentindo. Usando o “politicamente correto”, quem pediu o aparte dirá: Vossa Excelência não está dizendo a verdade.
A língua portuguesa tem uma figura de linguagem para abrandar as expressões. O eufemismo substitui palavras ou expressões grosseiras ou desagradáveis, por outra de sentido mais suave ou conveniente. Por que então criar a expressão “politicamente correta”? Quem mente é mentiroso. Quem está preso é presidiário.
Caminhando ao lado do modismo, o neologismo está com toda força. Em alguns casos totalmente fora dos propósitos de linguagem. É o caso da palavra “presidenta”. Neologismo é o uso de palavras novas criadas dentro das regras da língua portuguesa.
Ninguém vai mais a um bota-fora. Ficou mais comum ir a uma despedida. Um amigo que vai se mudar. Um grupo de pessoas que farão uma excursão, que certamente marcará a vida de todos os participantes, em um luxuoso transatlântico de Santos para algum porto do Mar Mediterrâneo. Festa de despedida de tais eventos chama-se bota-fora.
Bota-fora não é somente festa. Bota-fora também é todo material inservível que precisa ser jogado fora. Seja no aterro sanitário, nos bolsões de material que sobras nas obras de construção civil ou no esgoto.
Birigui está passando por um período de bota fora. Bota fora sem hífen. Pôr para fora pessoas que causam mal à cidade e a população. Não precisa mandá-las para o exílio. Basta afastá-las dos cargos eletivos e da administração pública.
A população deveria ser esclarecida pelos meios de comunicação, sobretudo pelas rádios e TV sobre o parecer do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, referente às contas da Prefeitura Municipal de Birigui, relativas ao exercício de 2011, as quais foram rejeitadas. E nestes esclarecimentos não se devem usar palavras politicamente corretas e nem eufêmicas. É preciso ser ditas com todo rigor de seus significados, para que o povo fique sabendo quem foram os administradores de nossa cidade.
Fraudulentamente ou não, o povo optou, nas últimas eleições, por continuidade de uma administração que carrega em seu currículo uma série de processos. Esta nova administração, que supostamente deveria dar continuidade à anterior, não está demonstrando a que veio. A não ser responder processos também.
Faz um bom tempo, perguntei a um Promotor de Justiça: por que o Ministério Público não ajuíza ação contra atos de improbidade administrativa, denunciados pela imprensa, contra prefeitos e presidentes de Câmara de Vereadores? Ele respondeu: Haveria uma avalanche de processos. Atemo-nos somente às denúncias formais, que são muitas.
Não bastasse os escândalos do Poder Executivo em Birigui, evidenciados na rejeição das contas do exercício de 2011, vislumbra um novo escândalo. Desta vez no Poder Legislativo. É novo, porque existe um velho. O motivo é o mesmo: reforma das instalações físicas da Câmara de Vereadores.
Político não condena seus pares. Até a presente data nenhuma das pessoas envolvidas nas irregularidades da reforma da antiga Câmara foram penalizadas. Nem politicamente nem na Justiça.
Seguindo o raciocínio de que político não condena político, como será a análise e julgamento das contas relativas ao exercício de 2011 pelos vereadores? As contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas serão também rejeitadas pela Câmara de Vereadores?
Não é hora de bota-fora e sim de bota fora.