Há textos que nos faz
refletir sobre nossos atos. Atos praticados e os que deixamos de praticar e que
por algum motivo modificou o rumo de nossas vidas. Estamos prestes a entrar num
período que vamos escolher nossos dirigentes. É tempo para refletir. Os
dirigentes públicos têm poderes para administrar dentro das normas estabelecidas
e dos bons costumes.
Políticos utilizam as
eleições para chegarem ao poder. Entretanto, depois de eleitos deixam os
princípios democráticos e tornam-se tiranos. Verdadeiros déspotas. Lênin assumiu
o governo através de uma revolução. Adolf Hitler foi eleito pelo povo. O povo
russo não escolheu Lênin. O povo alemão escolheu Hitler. Ambos foram tiranos. Poucos
se preocupam com os atos dos prefeitos e vereadores e se estão cumprindo suas
funções dentro dos princípios democráticos, legais e morais.
Os tiranos não aceitam
que seus atos sejam contestados, mesmo que o opositor tenha razão em seus
argumentos. Berthold Brecht escreveu um texto contra a arbitrariedade, que foi
e continua sendo parafraseado por muitos autores e jornalistas porque tem um
conteúdo que continua atual.
Originalmente o texto
tem formato de poema: “Primeiro levaram os negros, mas não me importei com
isso. Eu não sou negro. Em seguida levaram alguns operários, mas eu não me
importe com isso. Eu também não era operário. Depois prenderam os miseráveis,
mas não me importei com isso. Porque eu não sou miserável. Depois agarraram uns
desempregados, mas como tenho emprego, também não me importei. Agora estão me
levando, mas já é tarde. Como eu não me importei com ninguém, ninguém se
importa comigo.”.
Martin Niemöller foi um
pastor luterano e como alemão conservador não via com bons olhos a política
nazista. Naquele período ele escreveu este poema: “Quando os nazistas levaram
os comunistas, eu calei-me, porque, afinal, eu não era comunista. Quando eles
prenderam os sociais-democratas, eu me calei, porque, afinal, eu não era
social-democrata. Quando eles levaram os sindicalistas, eu não protestei,
porque, afinal, eu não era sindicalista. Quando levaram os judeus, eu não protestei,
porque, afinal, eu não era judeu. Quando eles me levaram, não havia mais quem
protestasse.”.
Ninguém protesta. O
povo cumpre suas obrigações pagando impostos, tendo a esperança que os
dirigentes públicos cumpram as suas obrigações que, jurou cumprir ao tomar
posse do cargo. O que será que estão pensando os eleitores do senador ligado ao
contraventor de jogos ilegais.
Nos dias atuais este
episódio do senador e o contraventor não é um escândalo isolado. Também não é
uma prática dos tempos atuais. Para nossa reflexão, o discurso de Ruy Barbosa,
quando era senador em 1914, continua atual: “A falta de justiça, Srs.
Senadores, é o grande mal da nossa terra, o mal dos males, a origem de todas as
nossas infelicidades, a fonte de todo nosso descrédito, é a miséria suprema
desta pobre nação. A injustiça, Senhores, desanima o trabalho, a honestidade, o
bem; cresta em flor os espíritos dos moços, semeia no coração das gerações que
vêm nascendo a semente da podridão, habitua os homens a não acreditar senão na
estrela, na fortuna, no acaso, na loteria da sorte, promove a desonestidade,
promove a venalidade, promove a relaxação, insufla a cortesania, a baixeza, sob
todas as formas. De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a
desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os
poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da
honra, a ter vergonha de ser honesto.”.